Resenha: Scar The Martyr - Scar The Martyr (CD)

Longe do horror punk politicamente incorreto do Murderdolls, a nova banda de Joey Jordison, do Slipknot, traz um  som muito mais próximo do praticado pela banda mãe do baterista e multi-instrumentista, mas com um acentuado tempero industrial, cortesia de Chris Vrenna (ex-Nine Inch Nails e Marilyn Manson). Composto e tocado quase na totalidade por Jordison, o álbum autointitulado do Scar The Martyr é um interessante, embora pouco inovador, paliativo para quem não aguenta mais esperar por um novo álbum do Slipknot – como, inclusive, parece ser o caso do próprio Joey.
A primeira canção (após a introdução climática), “Dark Ages”, por exemplo, poderia perfeitamente abrir um novo lançamento do Slipknot, inclusive no que tange as linhas vocais, não tão distantes do que Corey Taylor costuma fazer. O timbre de voz do frontman Henry Derek Bonner nas partes mais agressivas chega bastante próximo daquele característico do vocalista da banda principal de Jordison. Com guitarras e baixo sincopados e texturas eletrônicas dando um molho extra, apenas um trabalho de percussão mais pronunciado afasta realmente o som do álbum daquilo que o ‘Knot vem fazendo desde 1999.
Já a faixa seguinte, “My Retribution”, apresenta mais elementos até certo ponto inovadores, inclusive em melodias vocais mais originais e melódicas por parte de Bonner, mas é prejudicada pelo refrão flagrantemente new metal. Um interessante solo de guitarra antes do final brusco incrementa o apelo da música.
A boa notícia é que a partir daí as faixas passam a soar ainda mais diferentes de Slipknot, o que poderia significar que a banda poderia adquirir uma identidade própria mais forte. A má notícia é que, com algumas exceções, como a introdução de teclado de “Soul Disintegration”, as faixas se perdem em melodias pouco interessantes e peso instrumental vacilante. É aquele tipo de som que pode muito bem chegar a ser estupidamente opular, mas justamente por flertar descaradamente com o genérico.
“Blood Host”, no final da primeira metade do álbum, merece destaque, mas entre os motivos para isso estão as partes vocais agressivas estilo Corey Taylor, ainda que a cozinha da banda,  composta por Joey Jordison no baixo e Joey Jordison na bateria (no álbum, ao vivo ele fica na batera e Kyle Konkiel assume as quatro cordas) seja nada menos que esmagadora.
Uma vinheta de 43 segundos separa o “lado A” de Scar The Martyr, do ”B”, e “Anatomy of Erinyes” surpreende com ares mais modernos, no bom sentido, e um sombrio interlúdio caracterizado por um ataque roboticamente impiedoso de Jordison na bateria.
E este é o tom da segunda metade do álbum: canções mais lentas e bombásticas, e performances mais destacadas dos dois guitarristas solo, Jed Simon (ex-Strapping Young Lad) e Kris Norris (do Darkest Hour), especialmente em “White Nights In A Day Room”, e de Vrenna nos teclados e efeitos. A exceção à regra é a excelente “Effigy Unborn”, que chega a soar como Sepultura do início da fase Derrick Green nos versos em contraste com um bem elaborado refrão que soa como uma mistura de Stone Sour com Bullet For My Valentine.
As dispensáveis “Never Forgive Never Forget” e “Mind’s Eye”enchem linguiça antes da última faixa, “Last Night On Earth”, um experimento algo reminiscente de “The Virus of Life”, do terceiro disco do Slipknot,The Subliminal Verses. Embora no fim das contas seja um álbum um pouco inchado, Scar The Martyr, o álbum, tem bons momentos - e ocasionalmente excepcionais – em quantidade suficiente para recompensar ao menos uma audição descompromissada, embora três ou quatro faixas a menos provavelmente justificassem uma classificação de imperdível.
O álbum, lançado no dia 1 de outubro, está disponível para audição na íntegra em streaming no endereço http://relics.scarthemartyr.com/
Banda: SCAR THE MARTYR
CD: SCAR THE MARTYR
Ano: 2013
Gravadora: Roadrunner Records
Scar_the_Martyr_20131 – Intro
2 – Dark Ages
3 – My Retribution
4 – Soul Disintegration
5 – Cruel Ocean
6 – Blood Host
7 – Sign of the Omeneye
8 – Anatomy of Erinyes
9 – Prayer For Prey
10 – White Nights in a Day Room
11 – Effigy Unborn
12 – Never Forgive Never Forget
13 – Mind’s Eye
14 – Last Night on Earth